Sorô o quê?

Palavra da vez, “sororidade” passou a frequentar a mídia e os papos engajados mas ninguém ainda tinha ido a fundo na questão. A jornalista Paula Roschel, conhecida no mundo do lifestyle por suas matérias de viagens, beleza e outras bacanezas, ficou intrigada e evitou o approach raso, mergulhando nas origens do termo para traçar um resumo do movimento de positividade feminino sob o ponto de vista histórico mas também pessoal. O resultado? Um livro que a gente lê de um fôlego só e que é tão instrutivo para o sexo feminino quanto para o masculino. Sim, senhor! Este não é um livro contra os homens, muito pelo contrário: Paula defende que todos podemos – e devemos – promover a igualdade entre o sexo.

É hilária a cena em uma lanchonete em que Paula se  mete em um papo de meninos para explicar que feminismo não é o contrário de machismo, ao que o rapaz retruca: “Para mim é tudo a mesma coisa – um querendo ser melhor que o outro”. Paula respira e explica que, “enquanto o  machismo se resume na ideia da supremacia masculina, negando direitos fundamentais às mulheres, o feminismo busca apenas garantir que esses direitos não sejam negados, pregando a igualdade nas esferas política, econômica e social”. O mais surpreendente e maravilhoso foi que os meninos pediram desculpas e agradeceram. Há esperança, senhor!

A obra traz fatos históricos sobre a emancipação feminina e momentos decisivos da luta que as mulheres tiveram que travar – muitas vezes de forma radical, mas quem consegue mudança de forma ‘light’? – e cita nomes maravilhosos para a gente googlar. Já ouviu falar nas brasileiras Myrthes Gomes de Campos, a primeira mulher a integrar a OAB, e Leoninda Daltro, professora baiana nascida em 1859 que causava tanto barulho que era chamada de “mulher do diabo”? Aprendemos sobre Bertha Lutz, cientista maravilhosa e inspiradora, Nísia Floresta, pioneira a escrever em jornais e defensora dos direitos de mulheres, negros e indígenas, e sobre um homem à frente de seu tempo, o político Juvenal Lamartine de Faria, do Rio Grande do Norte, defensor do voto feminino.

O texto de Paula inclui passagens autobiográficas, o que é ótimo para a gente se identificar com a autora, bem no estilo ‘papo entre amigas’. Grande editora de beleza, é claro que o setor não poderia ficar de fora da reflexão. Paula celebra que hoje exista uma “rede de apoio online e offline, que permite conversar com outras mulheres, e obr temas que vão além do cabelo e da beleza”. Que bom que hoje imperam a diversidade e a aceitação dos diferentes tipos físicos, encarando a beleza de forma múltipla, possível e maravilhosa. Afinal, somos femininas – e feministas! – e gostamos de nos cuidar para ganhar bem-estar e estarmos bem conosco mesmas. 

O capítulo sobre competição entre mulheres é incrível e desconstrói diversos mitos. No final do livro, há ‘bullet points’ explicando o que, afinal, é sororidade na prática. Vamos aplicar já?

Sororidade é:

  • Proteger a outra mulher, seja denunciando alguma agressão ou acompanhando-a.
  • Saber que é possível discordar e até mesmo se desentender com outra mulher, sem feri-la por simplesmente ser mulher.
  • Repensar quando ouvir que aquela mulher é uma vagabunda porque quis agir de uma forma que a sociedade acha inapropriada para uma mulher e não para um homem.
  • Entender que a responsabilidade pelo fim de um relacionamento é do casal e não achar que uma amante foi sozinha quem fez com que as coisas saíssem do lugar, negando a parte ativa da traição do seu companheiro.
  • Questionar quando dizem que todas as mulheres são dramáticas e sem estabilidade emocional para assumir e enfrentar grandes desafios.
  • Nunca mais se sentir só.

FICHA TÉCNICA

Título: #Sororidade – Quando a Mulher Ajuda a Mulher

Paula Roschel

Editora Europa

143 pg

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