Gente que Inspira – Lygia Fagundes Telles, a dama da literatura brasileira

A literatura brasileira está em luto pela perda de uma de suas maiores damas, Lygia Fagundes Telles. Aos 103 anos, a autora deixa saudades e um legado incomparável. 

 

Amanhecemos hoje com uma linda e comovente homenagem de Djamila Ribeiro a Lygia Fagundes Telles em sua coluna na Folha de São Paulo. O conto da autora citado por ela, “Venha ver o pôr do sol”, se tornou imediatamente um must-read, com fim totalmente surpreendente, é envolvente e deixa em fascínio qualquer apaixonado pela escrita.

Lendo sobre a história da autora, é impossível não se impressionar. Com seu primeiro livro publicado aos 20 anos, Lygia Fagundes Telles se destacou em um universo majoritariamente masculino, recebendo, em 2005, a honraria máxima da literatura em língua portuguesa, o Prêmio Camões, e, em 2016, se tornando a primeira mulher brasileira a ser indicada ao prêmio Nobel de Literatura.

A complexidade dos personagens femininos por ela criados era tanta que conseguiram fazer com que um livro como “As Meninas”, que continha cenas explícitas de sexo, uso de drogas e sessões de tortura, não fosse censurado durante o período da ditadura militar. A própria autora dizia que o censor “não teve paciência com as queixas íntimas de suas protagonistas, e logo largou o livro, sem dar-lhe muita importância”. Nada mais justo do que Lygia ter liderado a elaboração do “Manifesto dos Intelectuais contra a Censura”, em 1977, durante o governo do presidente Ernesto Geisel.

Com um acervo único e incomparável, Lygia partiu deste mundo no último dia 3, mas suas palavras seguem imortais. Como Djamila colocou tão bem, “só me resta sorrir ao ver que ela viveu essa vida aventureira, cercada de pessoas que cultivarão saudades e de leitores e leitoras que ficarão para sempre com a obra extraordinária dessa brilhante escritora”.

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